terça-feira, 22 de novembro de 2011

conto de Machado no Portal do Professor

A descoberta do conto: a igreja do diabo parte 3 [Categorias Literárias]


 
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=9851
 
Esse conto é muito interessante, pois é exibido sob a forma de radionovela

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Machado e Camões: As Viagens


Resenha
Autora: Kedma Janaina Freitas Damasceno - kedma20@yahoo.com.br – Graduanda em Letras da Universidade Federal do Ceará.


"Mar, terra, história em Camões, Garrett e Machado" - artigo de Ada Maria Hemilewski publicado no número10/11 da Revista Língua e Literatura.


O artigo apresenta um estudo comparativo entre as obras "Os Lusíadas","Viagens na minha terra" e "Memórias póstumas de Brás Cubas", a partir do tema da viagem.

Inicialmente, a autora descreve a obra "Os Lusíadas" como a grande epopéia portuguesa, em seguida, mostra como é feita a divisão das estrofes e a organização do poema.Menciona, ainda, a divisão da obra em duas linhas narrativas:uma viagem no espaço(Vasco da Gama) e no tempo(História de Portugal).
"Viagens na minha terra", obra na qual o autor narra a viagem que realiza de Lisboa a Santarém,em 1823,na companhia de alguns amigos, é apresentada pela professora como uma narrativa permeada por digressões políticas, sociais, históricas, econômicas e literárias,além de narrar a história sentimental de Carlos e Joaninha.
Enquanto em "Os Lusíadas"são contadas as glórias de Portugal, em "Viagens na minha terra" não há armas , nem barões, nem musas e Garrett acaba mostrando a desilusão frente a um país que não é fiel às tradições, ao espiritual, porque sucumbiu ao materialismo e à ambição representada pela personagem Carlos.
As duas obras foram escritas em momentos diferentes da história de Portugal.A obra de Camões representa o ápice no processo de expansão do império português iniciado com as grandes navegações, já a obra de Garrett tem, como pano de fundo, um momento crítico da história portuguesa: a guerra civil entre os absolutistas e os liberais.Contudo, apesar de Garrett ter desconstruído o mito da grandiosidade da nação portuguesa, edificado por Camões, sua obra também possui um cunho nacionalista.
Num segundo momento, após a comparação entre "Os Lusíadas" e "Viagens na minha terra", insere-se a obra "Memórias póstumas de Brás Cubas", que é uma viagem à roda da vida, ao contrário das outras duas que representam uma viagem no espaço e no tempo.Em Garrett e Machado, porém, as viagens não são longas como em Camões, pois Garrett pouco sai do lugar e Brás Cubas continua no túmulo.Tais viagens são, portanto, mais através do tempo que do espaço.
Tanto Garrett quanto Machado citam em suas obras autores consagrados como cervantes e sua obra "Dom Quixote", "Fausto", de Goethe, "A divina comédia" de Dante, "Os Lusíadas" de Camões etc, com o intuito de se fazerem na tradição literária.É importante ressaltar, ainda, que tais citações permitem que o leitor tenha idéia das leituras realizadas pelos referidos autores,bem como da influência exercida por tais leituras na obra de cada um deles.
"Viagens na minha terra" e "Memórias póstumas de Brás Cubas" assemelham-se ,ainda, pelo fato de ambas narrarem duas histórias .Na primeira obra, a história da viagem realizada pelo narrador, alternada com a história da "menina dos rouxinóis" se funde com a história de Portugal. Em Machado de Assis há uma viagem no tempo, na qual o narrador realiza a transição entre o delírio e o nascimento de Brás Cubas. A partir do capítulo X, inicia-se a segunda narrativa, isto é, a história pessoal de Brás Cubas. Porém, ao contrario de Garrett, em Machado, as histórias não se fundem, uma parte sintetiza a outra.
Valendo-se da mistura de gêneros, bem como das digressões, tanto Machado como Garrett realizam uma viagem no tempo, com o objetivo de criticar a sociedade, bem como as modas literárias vigentes.
Em "Viagens na minha terra" e em "Memórias póstumas de Brás Cubas" encontramos um narrador ostensivo, que usa a ironia, dialoga com o leitor,ao contrário do narrador de "Os Lusíadas”, que é humilde, não ironiza, ao contrário, lamenta sua pequenez ante a magnitude dos fatos que narra.
As obras de Machado e Garrett apresentam o herói nacional individualizado, personificado numa personagem, ao contrário de Camões, em cuja obra o herói coletivo é o povo português, pois o poema conta o heroísmo e a história coletiva de Portugal, conforme a tradição clássica da epopéia.
A autora encerra o artigo dizendo que as obras de Camões, Garrett e Machado de Assis, seja narrando a viagem pelo mar, pela terra ou ao redor da vida, conduzem o leitor a uma viagem através da história da nação.
Conclui-se,afinal, baseado no que foi exposto, a importãncia desse tipo de artigo que ajuda a divulgar estudos comparativos de diferentes obras sob um ou mais aspectos.Esse tipo de trabalho é destinado, principalmente, àqueles que se interessam em aprofundar seus conhecimentos acerca dos pormenores de determinadas obras.
Referência
Revista Língua e Literatura,Frederico Westphalen-vol.6e7/n 10/11 pg225-229 2004/2005 .